8 de jul. de 2008

Resposta do qual o seu diagnóstico do dia 24/06

Ambos apresentam uma lesão localizada no segmento toracolombar (T3-L3). O paciente 1 apresenta uma lesão que no início (logo após o trauma ) foi classificada como grau 5 (paraplegia com perda da sensibilidade dolorosa profunda), porém atualmente, apesar de apresentar movimentos e caminhar, apresenta perda da sensibilidade dolorosa profunda e desenvolveu o "caminhar espinhal".

A paciente 2 apresenta uma lesão medular grau 3 (paraplegia). Caso tenha perda do controle voluntário da micção já seria classificado como grau 4. Pelo tempo decorrido desde o trauma , o prognóstico para recuperação de todas as funções no caso 1 é reservado. No caso 2, como a lesão tem 48 horas, se for confirmada a suspeita de doença do disco intervertebral, e a cirurgia descompressiva realizada rapidamente, o prognóstico para recuperação de todas as funções é bom.
Lembrando que as lesões toracolombares podem ser classificadas em cinco graus:
1.dor
2.ataxia, diminuição da propriocepção
3.paraplegia
4.paraplegia com retenção ou incontinência urinária
5.idem 4 e perda da sensibilidade profunda

Esta classificação está de acordo com o tipo e localização das fibras:











Em animais com lesões medulares, a avaliação da sensibilidade dolorosa é importante para localizar a lesão e estabelecer o prognóstico. A sensibilidade superficial é testada por estímulo tátil cutâneo, e a sensibilidade profunda por pressão vigorosa sobre o periósteo da região interdigital. A dor profunda não deve ser testada se a superficial estiver presente. A resposta à dor profunda é conduzida por pequenos axônios não mielinizados, os quais são mais resistentes aos efeitos da compressão. A perda da dor profunda com o reflexo flexor intacto indica lesão dos tratos ascendentes da medula espinhal, já que esses tratos são múltiplos e bilaterais nos animais. Se a dor profunda estiver ausente mais de 72 horas após a lesão, o prognóstico é desfavorável, pois indica uma lesão medular grave, atingindo os tratos profundos da medula. Se o animal for tratado a tempo, por exemplo nos casos de doença de disco intervertebral, geralmente o retorno das funções ocorre na ordem inversa da perda:





O caminhar espinhal, apresentado pela paciente 1, é observado principalmente em filhotes de felinos, dias à semanas após a ocorrência da lesão medular, mas também pode se desenvolver em cães após secção completa da medula na região toracolombar, devido à plasticidade do sistema nervoso em desenvolver novas conexões, mas sem participação de centros superiores. Existem controvérsias sobre o desenvolvimento deste tipo de locomoção em cães adultos, mas alguns artigos antigos (que atualmente certamente seriam condenados pelos comitês de ética em pesquisa) mostram e explicam esta ocorrência.

Link para caminhar espinhal em cães:

http://www.journalarchive.jst.go.jp/jnlpdf.php?cdjournal=tjem1920&cdvol=148&noissue=4&startpage=373&lang=en&from=jnlabstract