27 de jun. de 2007

DOENÇAS DA MENINGE E MEDULA ESPINHAL - aula cirúrgica

DEFINIÇÕES
• Meningite :inflamação da meninge. Pode ter causa infecciosa ou inflamatória. Ocorre dor, sem sinais neurológicos. Há desconforto e rigidez da musculatura paraespinhal, diminuição da mobilidade vertebral, febre, andar rígido
•mielite: inflamação da medula, usualmente sem dor
•meningomielite: inflamação da meninge e medula
•meningoencefalomielite: acometimento das meninges, encéfalo e medula espinhal

MENINGITE/VASCULITE
• Acomete Beagle, Bernesiano, Pointer Alemão
•Necrose fibrinóide dos vasos e periarterite em meninges, infiltrado perivascular e meníngeo por mononucleares s neutrófilos
•Afeta principalmente animais com menos de 12 meses
•Apresentam febre rigidez cervical, anorexia
–Em casos mais raros e graves pode haver paresia a tetraplegia
•Hemograma: neutrofilia
•Líquor: pleocitose e aumento de proteínas
•Auto imune?
•Tratamento realizado com Corticóides
•Podem ocorrer recidivas

MENINGITE RESPONSIVA A ESTERÓIDES
•Meningite supurativa de origem desconhecida
•Afeta principalmente raças grandes, com menos de 2 anos
•Febre e dor cervical
•Hemograma: neutrofilia
•Líquor: pleocitose neutrofílica e aumento de proteínas
•Não apresentam doença sistêmica como hipotensão ou choque.
•Não responde a antibioticoterapia
•Tratamento com corticóides
–Prednisona, 2 a 4 mg/kg/dia, 1 a 2 semanas, redução gradativa

MIELOPATIA DEGENERATIVA
• Degeneração progressiva e lenta dos axônios e mielina da medula espinhal
• Causa desconhecida - várias etiologias já foram propostas
• Pastor alemão mais predisposto
– Outras raças e gatos também podem ser acometidas
• 4 a 14 anos – média 9 anos
• Lentamente progressivo
• Ataxia, paresia, sem dor
• Observa-se Síndrome toracolombar simétrica bilateral
• Radiografia, TC, mielo e RM – NDN
• Líquor- aumento proteínas
• Não há tratamento e o prognóstico é reservado

INFARTO FIBROCARTILAGINOS0
• Necrose isquêmica aguda da medula espinhal
• Êmbolo fibrocartilaginoso – disco?
• Raças grandes – 3 a 5 anos, machos
• Início agudo, após exercício, pode haver dor no início
• Qualquer segmento medular pode ser afetado
• Ataxia , para, tetra – paresia/plegia, mais comum haver lesão assimétrica
• Radiografia – NDN
• Mielografia
– Edema no início
• Líquor variável
• Tratamento
– SSMP (solumedrol) – até 8 horas após a lesão - controvérsias
– Fisioterapia
– manejo

25 de jun. de 2007

SÍNDROME DE WOBBLER

•Sinônimos: instabilidade vertebral cervical, espondilomielopatia cervical caudal, má articulação / má formação cervical, espondiloliestese cervical

•É uma afecção relativamente comum em raças de grandes porte. Aproximadamente 80% dos casos são observados em cães da raça Doberman e Dogue Alemão, havendo também descrições desta doença em outras raças como Dálmata, Pastor Alemão, São Bernardo, Retriever do Labrador, Boxer e Basset Hound Old English Sheepdog, Irish Wolfhound, Rottweiler, Fox terrier, Chow Chow, Weimaraner e Golden Retriever.

•A etiologia desta doença é multifatorial, provavelmente relacionada ao crescimento, nutrição, fatores mecânicos e genéticos levando à estenose do canal vertebral, instabilidade vertebral, protrusão de disco tipo II, hipertrofia do ligamento amarelo, hipertrofia do ligamento longitudinal dorsal, hipertrofia do anel fibroso dorsal, proliferação da cápsula articular e produção de osteofitos
•A estenose ocorre no aspecto mais cranial das vértebras cervicais, principalmente nas vértebras cervicais C4-C6 no Dogue Alemão, ocorrendo má formação ou instabilidade, enquanto que no Dobermann o principal componente compressivo é a hipertrofia do anel fibroso dorsal secundário à doença de disco degenerativa crônica e à instabilidade vertebral, principalmente em C6-C7, seguido por C5-C6.



SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos refletem a lesão medular e/ou radicular: Pode haver andar cambaleante, mais acentuado nos membros pélvicos, ataxia progressiva, paresia. Em casos graves ocorre tetraparesia. A dor cervical nem sempre está presente. Há ainda atrofia nos membros torácicos nos casos crônicos. Os sinais decorrem da lesão da coluna cervical caudal e conseqüente lesão da medula e/ou raízes, sendo que no Dogue as vértebras C4-C6 são as mais afetadas, enquanto que no Doberman a doença afeta mais comumente as vértebras C5-C7


DIAGNÓSTICO
Embora as alterações clínicas e a raça sejam sugestivas da doença, é importante realizar exame clínico e neurológico completo. Outras doenças devem ser consideradas, incluindo as neurológicas e não neurológicas.

–Diferenciais
Neurológico:
Disco, Neoplasia, Neoplasia plexo braquial, Neurite do plexo braquial, Polimiosite, Discoespondilite, Meningite, Fratura/luxação, Embolismo fibrocartilaginoso
Não neurológico: Displasia coxo femoral, Ruptura de ligamento cruzado, Fraqueza generalizada, Hiperparatireoidismo nutricional, Poliartrite

Para confirmar o diagnóstico são necessários os seguintes exames:
•Radiografia simples (sob anestesia): Podem ser normais dependendo do tipo de lesão
•Mielografia (é essencial). Sempre coletar líquor para exame (antes da mielo), caso a mielografia seja normal , o material já terá sido coletado e não sofrerá interferência do contraste administrado. A mielografia é útil para definir o local e número de vértebras afetadas, a localização da lesão dentro do canal, o grau de compressão e a ocorrência de compressão dinâmica. Realizar a mielografia em 4 posições (lateral neutra, lateral flexionada, lateral estendida e ventro dorsal). Isto é importante para diferenciar entre lesões estáticas das dinâmicas

•Ressonância magnética quando disponível

TRATAMENTO: Além da ECC ser multifatorial e não totalmente compreendida, não existe um tratamento considerado ideal.
O tratamento médico da ECC, basicamente através do uso de antiinflamatórios e repouso, promove melhora temporária, pois a ECC é uma doença crônica progressiva. Se houver piora do quadro, dor ou tetraparesia, o tratamento cirúrgico poderia ser considerado.
Tratamento cirúrgico: A maioria das técnicas existentes descomprimem a medula e estabilizam as vértebras cervicais com uma taxa de sucesso em torno de 70 a 80 % .
Para promover a descompressão medular nas lesões estáticas, podem ser utilizadas técnicas de descompressão ventral através de slot e fenestração e descompressão dorsal através de laminectomia, escolhidas de acordo com o resultado da mielografia. As técnicas de distração, estabilização e fusão das vértebras cervicais alinham os corpos vertebrais até que ocorra a fusão, sendo esta promovida pela remoção do disco e aplicação de enxerto ósseo.

LEITURAS SUGERIDAS:
da Costa RC, Parent J, Dobson H, Holmberg D, Partlow G. Vet Radiol Ultrasound. 2006 Oct-Nov;47(6):523-31. Comparison of magnetic resonance imaging and myelography in 18 Doberman pinscher dogs with cervical spondylomyelopathy

SÍNDROME DA CAUDA EQÜINA

O QUE É
• Doença neurológica ocasionada pela estenose congênita ou adquirida do canal vertebral lombo-sacro, levando a estreitamento do canal medular, canal das raízes espinhais e forames intervertebrais
• Conseqüentemente há compressão, destruição ou deslocamento do cone medular, raízes espinhais L7, sacrais e caudais havendo alterações sensoriais, motoras e viscerais. Os animais podem apresentar dor à palpação e extensão da articulação lombosacra, paraparesia, atrofia da musculatura dos membros pélvicos, paresia da cauda, incontinência urinária e fecal, automutilação da cauda, períneo, genitália e membros.
Lembrar que a síndrome da cauda eqüina tem um ou mais sinais da SÍNDROME LOMBOSACRA, mas que animais com síndrome lombosacra não necessariamente apresentam síndrome da cauda eqüina

CAUSAS da estenose lombo-sacra
• CONGÊNITAS
– Espondilolistese, má-formação vertebral, espinha bífida, estenose congênita,raças pequenas e médias
• ADQUIRIDAS
– Infecção, neoplasia, fratura/luxação, doença do disco, degenerativo

Fisiopatologia - degeneração

Causa desconhecida, movimento anormal na articulação, microtrauma acumulativo, substituição do tecido, osteofitos, degeneração do disco, alteração no forame, estenose, compressão
• Conseqüências
– Hérnia dos discos intervertebrais, má-alinhamento lombo-sacro
– hipertrofia do anel e ligamento dorsal
– hipertrofia do ligamento amarelo, artrose das articulações vertebrais verdadeiras

DIAGNÓSTICO
– exame ortopédico e neurológico
– exame radiográfico:
• radiografias simples
• radiografias dinâmicas

– mielografia dinâmica
– epidurografia dinâmica
– discografia
– (MRI, TC) se diponíveis

Alterações observadas nas radiografias simples: esclerose das placas vertebrais terminais espondilose deformante, colapso do disco, extrusão, estenose do canal, má alinhamento ou subluxação sacral, deformação do corpo de L7, fraturas/luxação, sacralização de L7, osteólise devido a discoespondilite ou neoplasia







Alterações observadas na mielografia/epidurografia dinâmicas: compressão ventral da cauda eqüina, por hipertrofia/ hiperplasia do anel fibroso ou ligamento longitudinal dorsal ou protrusão de disco, compressão dorsal da cauda eqüina por hipertrofia/hiperplasia do ligamento amarelo, compressão da cauda eqüina por massas

Limitações da mielografia: em 20 % dos animais o saco dural não chega até a articulação lombo-sacra

OUTROS DIFERENCIAIS IMPORTANTES PARA ANIMAIS COM SINTOMATOLOGIA SUGESTIVA
• Mielopatia degenerativa do PA
• displasia coxofemoral
• necrose asséptica da cabeça do fêmur
• ruptura do ligamento cruzado
• dor abdominal:
– prostatite, pielonefrite

TRATAMENTO
– conservador
• dor: repouso, anti-inflamatórios, antibióticos se houver discoespondilite

– cirúrgico
• indicado quando há progressão dos sinais apesar do repouso, ou em caso de recidiva após tratamento médico, ou em caso de alterações neurológicas significativas

– As cirurgias mais realizadas são a laminectomia, a fenestração dorsal e a estabilização

PROGNÓSTICO

– CONSERVADOR: 50% bom, recuperando em até 14 semanas
– CIRÚRGICO:Nos casos em que haja somente dor há 81% alívio, em até 6 semanas. Nos casos com alterações neurológicas mais graves a recuperação pode levar entre 8 e 30 semanas

LEITURAS SUGERIDAS:

22 de jun. de 2007

Subluxação Atlanto-Axial - aula de cirúrgica


-Sinônimos: Luxação Atlantoaxial, Instabilidade Atlanto Axial
-Definição: é a instabilidade entre o Atlas e o axis, gerada por alteração do dente e/ou ligamento da articulação atlanto axial ocorrendo instabilidade entre estas vértebras, deslocamento do axis em relação ao Atlas e compressão medular
-Etiologia
•Congênito: A instabilidade atlanto-axial congênita, também conhecida como subluxação atlanto-axial congênita tem sido associada à agenesia, à malformação do processo odontóide, hipoplasia e má formação e rompimento dos ligamentos alares, apicais e transversos
•Trauma: pode ocorrer em qualquer idade e raça, após traumas graves

- Anatomia:

A articulação atlanto-axial normalmente é mantida pelo processo odontóide, que desempenha importante papel na estabilidade desta articulação, por estruturas ligamentares que se fixam no atlas e crânio e pela cápsula articular. O ligamento transverso do atlas fixa o processo odontóide ao corpo da primeira vértebra cervical. O processo odontóide está ligado à porção ventral do forâmen magno pelo ligamento apical e aos côndilos do occipital através dos ligamentos alares. O ligamento atlanto-axial dorsal une a região dorsal do arco do atlas e a porção crânio-dorsal do processo espinhoso do áxis



-Incidência:

principalmente raças toy, com menos de 1 ano, principalmente Yorkshire, e outras como poodle, pinscher, chihuahua,  lulu da pomerânia. Entretanto, mais raramente, qualquer raça pode ser afetada, inclusive raças grandes

-Sinais clínicos:

Geralmente aparecem nos cães com idade inferior a um ano, mas pode ocorrer em qualquer idade, às vezes após pequenos traumatismos. Os animais acometidos podem apresentar dor cervical, ataxia dos membros torácicos e pélvicos, tetraparesia ou tetraplegia, compatível com síndrome cervical. As alterações neurológicas podem ter surgimento agudo, progressivo ou intermitente. Em lesões graves pode ocorrer parada respiratória e óbito.

-Diagnóstico:

A instabilidade atlanto-axial pode ser demonstrada por radiografias simples na projeção látero-lateral da coluna cervical. O corpo do áxis apresenta-se deslocado dorsal e cranialmente em direção ao canal vertebral, havendo um aumento na distância entre o arco dorsal do atlas e o processo espinhoso do áxis. Deve-se tomar muito cuidado durante a manipulação da região cervical em pacientes com esta afecção, pois a flexão excessiva pode resultar em maior compressão medular, paralisia respiratória e óbito. Em projeções laterais oblíquas, o processo odontóide pode ser melhor visualizado. A ausência ou a hipoplasia do processo odontóide são bem evidenciadas em projeção ventro-dorsal ou dorso-ventral.

A mielografia não é indicada para o diagnóstico, visto que a anestesia e a flexão do pescoço têm muitos riscos nos casos de instabilidade.

-Tratamento:MÉDICO: O tratamento médico está indicado aos pacientes com sintomatologia leve. Indica-se:
–Repouso e confinamento por 3 a 4 semanas
–Anti inflamatórios e analgésicos
–Imobilização cervical - Imobilização externa - 1 a 2 meses: A principal função da imobilização com um colar é limitar a movimentação da coluna cervical, permitindo a formação de tecido fibroso para estabilizar a articulação atlanto-axial.
–Pode ocorrer recidiva





CIRÚRGICO: O tratamento cirúrgico está indicado quando há disfunção neurológica moderada a severa ou quando a terapia conservadora não apresenta resposta. A cirurgia tem como objetivos a redução da luxação, descompressão medular e estabilização
–Acesso e técnicas
•Ventral- Fusão com parafusos ou pinos
•Dorsal- Fixação com fio de aço -técnica mais sujeita a complicações devido à lesão medular



13 de jun. de 2007

Doença do disco intervertebral - aula de cirúrgica

DEFINIÇÃO
A doença do disco intervertebral (DDIV) é uma das causas mais comuns de alterações neurológicas em cães. É uma afecção provocada pela degeneração do disco intervertebral, podendo ocorrer extrusão (Hansen tipo I) ou hérnia (Hansen tipo II) do disco, que por sua vez podem causar compressão da medula e/ou raízes nervosas e até concussão medular.É uma desordem clínica comum no cão e muito rara no gato. Acomete as vértebras cervicais, torácicas caudais e lombares, causando dor, ataxia, (tetra) paresia, paraplegia.

TERMINOLOGIA
•Protrusão de disco engloba a hérnia de disco e a extrusão
•hérnia de disco: é o abaulamento sem ruptura, mais comum em raças não condrodistróficas, ocorre devido a degeneração fibrosa do disco intervertebral que sofre metaplasia fibróide - núcleo é invadido por fibrocartilagem, início tardio, acomete principalmente raças grandes
•extrusão de disco: ruptura do anel fibroso e saída de material do núcleo pulposo. Ocorre metaplasia condróide do disco intervertebral, é mais comum nas raças condrodistróficas, como o Dachshund, beagle, pequinês, Lhasa, Shih tzu, poodle, cocker, mas pode ocorrer em raças grandes. O disco sofre desidratação e o núcleo pulposo é invadido por cartilagem hialina e posterior calcificação. 60-70% dos discos estão calcificados em cães com mais de 2 anos, mas a calcificação do disco in situ não significa que a medula esteja comprimida, portanto atenção nos diagnósticos.

FISIOPATOLOGIA
•EFEITOS
–Os sinais dependem da força e velocidade com que o material se dirige ao canal medular e também quantidade e volume
–Pode ocorrer desde compressão e concussão até inflamação, hemorragia, edema
–Há uma série de eventos bioquímicos com liberação de prostaglandinas e tromboxana, causando isquemia. Ocorrem também alterações de membrana e aumento do cálcio intracelular e liberação de radicais livres

•GRAU DE LESÃO MEDULAR
Pode ser leve a fatal, pois pode ocorrer desde desmielinização leve a necrose irreversível da substância branca e cinzenta

* mielomalácia hemorrágica: A mielomalácia progressiva difusa é uma patologia rara, geralmente desencadeada por uma extrusão explosiva e hiperaguda de disco toracolombar mas pode também ser observada após traumatismo na medula espinhal. Não há predileção por raça ou idade. A progressão da doença é rápida. Num período de 1 a 5 dias pode ocorrer necrose hemorrágica de toda a medula. A lesão está presente inicialmente no local do trauma e progride cranial e caudalmente. Trata-se de uma patologia geralmente fatal em 24 a 48 horas em decorrência da paralisia respiratória. A morte é causada por paralisia respiratória se forem afetados os nervos intercostais e frênico. O diagnóstico é firmado com base nos sinais clínicos progressivos que indicam mielopatia difusa. Não existe tratamento.

A doença do disco afeta principalmente as regiões cervical e toracolombar, entretanto a sintomatologia e tratamento tem algumas diferenças de acordo com a região afetada, portanto serão abordadas separadamente

DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL TORACOLOMBAR

-85% dos casos de DDIV, 75% entre 3 e 6 anos, dor, ataxia, paraparesia súbita, paraplegia, retenção ou incontinência urinária

EXAME NEUROLÓGICO
Sistemático e completo - localizar a lesão
Diferenciar NMS de NMI
Avaliar função da bexiga
Avaliar sensibilidade

Lembrando que existem outras causas de SÍNDROME TORACOLOMBAR


  • AGUDO: Trauma, Infarto/ embolismo fibrocartilaginoso, Meningite, neoplasias, Cinomose, MEG, Discoespondilite, Toxoplasmose/neosporose, Hemorragia
  • CRÔNICO: Mielopatia degenerativa do pastor alemão, Hemivértebra, Espinha bífida,. Neoplasias
A doença de disco toracolombar é classificada em 5 graus

–1. dor
–2. ataxia, diminuição da propriocepção
–3. paraplegia
–4. paraplegia com retenção ou incontinência urinária
–5. idem 4 e perda da sensibilidade profunda

Graus 3, 4 e 5 são considerados emergências cirúrgicas, não adianta tratar com medicamentos e esperar resposta, No grau 5 o prazo para cirurgia é de 48-72 horas, depois disso a paralisia pode ser irreversível

DIAGNÓSTICO

–radiografias simples, sempre sob anestesia geral: pode ser observado diminuição do espaço, material no forame, colapso das facetas articulares, material calcificado no canal, porém pode haver falha em determinar o local em 28-43% dos casos
–exame de líquor: pode haver aumento de proteinas e leucócitos
–mielografia: é indicada quando não se visualiza material na radiografia simples, quando a lesão incompatível com exame, quando há possibilidade de realização de cirurgia descompressiva. Técnica que determina local correto em 85-97% dos pacientes

ESCOLHA DO TRATAMENTO
–tratamento médico x cirúrgico: Ainda há controvérsias quanto à melhor forma de tratamento, mas vários autores concordam que a cirurgia descompressiva é benéfica e promove recuperação mais rápida em 60 a 95% dos casos
•grau 1 e 2
–tratamento médico
–recidiva de dor ou ataxia - tratamento cirúrgico
•grau 3,4,5
–tratamento cirúrgico
–emergência
•perda da sensibilidade profunda
–taxa de recuperação = 25-76%
–após 48 horas = 5%
•Proprietário
–expectativa
–custos

TRATAMENTO CONSERVADOR
•Médico: grau 1 e 2 - CONFINAMENTO
–Repouso absoluto por 3 semanas: diminui inflamação, reabsorção do material e fibrose do anel rompido
–defecação, alimentação, micção
–Limpeza, local acolchoado, Fisioterapia
–Após as 3 semanas iniciais, retorno gradativo as atividades
–Anti-inflamatórios - cuidado!!!!!

–Reavaliar periodicamente
–custo e local
- recuperação é lenta ou pode ser incompleta
–pode haver piora súbita
–33% de recidiva

NUNCA ASSOCIAR CORTICÓIDES COM ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES!!!

TRATAMENTO CIRÚRGICO
Os objetivos do tratamento cirúrgico na DDIV são: a descompressão da medula espinhal, a remoção do material do interior do canal medular, a redução do edema, o alívio da dor e a prevenção de futuras extrusões. As técnicas descompressivas aplicadas na região toracolombar como a hemilaminectomia, mini-hemilaminectomia e laminectomia, e na região cervical como a hemilaminectomia e o “slot” ou fenda ventral, são usadas para remover o material do disco do interior do canal vertebral, principalmente em cães com alterações neurológicas severas, dor e presença de compressão diagnosticada na mielografia
•HEMILAMINECTOMIA é uma técnica na qual é realizada a remoção da lâmina da vértebra na altura do assoalho do canal e qu proporciona descompressão significativa da medula através do acesso à parte ventral do canal, permite recuperação rápida, com pouca lesão residual podendo haver taxas de 83-90% de melhora. Para sua realização há necessidade de realizar a mielografia (ou TC /RMI), de ter equipamento adequado e conhecimento anatômico e neurológico minucioso.

PÓS OPERATÓRIO
•Determinante crítico do sucesso da cirurgia
•Analgesia por 48-72 horas
•Anti-inflamatórios não esteróides ou relaxantes musculares
•Esvaziamento vesical, manual ou cateterismo intermitente, até aparecer micção voluntária
•micção
–uso de fármacos que permitam a redução do tônus uretral e aumento da contratilidade do detrusor
–evitar cistite
•Decúbito, local acolchoado, limpeza
•Fisioterapia, massagem, exercícios
•suporte para locomoção
•Exames periódicos

PROGNÓSTICO
–Grau 1,2 e 3
• bom
–Grau 4: tratamento cirúrgico
• bom
–Grau 5, tratamento cirúrgico até 48 horas
• 50 % chance
•Exame neurológico preciso
•Cirurgia o mais rápido possível

•FENESTRAÇÃO?
–alivia a dor (discogênica)?
–não remove material do canal medular e não alivia compressão medular
–pode empurrar mais material para dentro do canal

DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL CERVICAL
–15 % dos problemas de disco em cães
–4 a 9 anos, agudo ou crônico

SINAIS CLÍNICOS
•pescoço rígido, cifose, espasmos musculares, anorexia, paresia, hemi, tetraparesia
•O aparecimento dos sinais pode ser agudo ou crônico, com ou sem progressão. Ocorre ainda relutância em se mover e rigidez ou flexão do pescoço, inclusive dificultando a alimentação, dependendo da altura do pote. Pode ocorrer ainda agressividade e alteração de comportamento, devido à dor e gritos
–sinal de raiz em membro torácico ( confunde com problema ortopédico) – o sinal de raiz é mais freqüente no envolvimento dos discos cervicais caudais

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: É importante lembra que a DOR CERVICAL pode ter várias origens, além da doença do disco:
•NÃO NEUROLÓGICA: Abscessos, miosite, corpo estranho, neoplasias em glândulas salivares, músculo...
•NEUROLÓGICA: INFECCIOSO/INFLAMATÓRIO (discoespondilite, ehrlichiose cinomose, toxoplasmose, neosporose, fungo, PIF MEG, meningites); •MÁ FORMAÇÃO (instabilidade atlanto axial, má formação atlanto-occipital); NEOPLASIA (vertebral, medular, raízes e meninges); TRAUMÁTICO (luxação e fratura)

As doenças vasculares como hemorragia medular e infarto fibrocartilaginoso podem causar tetraparesia ou hemiparesia e normalmente não há dor no pescoço. Muitas vezes os sinais são assimétricos, ou seja, um lado está mais afetado do que o outro.

DIAGNÓSTICO
–radiografias simples, sempre sob anestesia geral
•pode-se bservar diminuição do espaço, material no forame, colapso das facetas articulares, material calcificado no canal
–líquor
–mielografia

TRATAMENTO
•Depende do estágio da doença
–Se for episódio único e o animal apresenta somente dor realizar somente tratamento médico
–vários episódios de dor , animal já foi tratado com medicamentos e houve recidiva realizar descompressão cirúrgica
–dor e alterações neurológicas como ataxia moderada ou tetraparesia indica-se descompressão cirúrgica

TRATAMENTO MÉDICO
•dor e ataxia
–repouso por 3 a 4 semanas
–retorno gradativo a atividade
–anti inflamatórios
–nunca associar anti inflamatórios não esteróides com corticóides

TRATAMENTO CIRÚRGICO
•Indicações:
– O tratamento cirúrgico é indicado quando houve falha do tratamento médico ou as alterações neurológicas são graves ou progressivas , ou quando há dor intratável
•objetivos: descomprimir medula ou raiz: promove alívio da dor e restaura função normal.
•técnicas
–descompressão ventral (slot)
–laminectomia ou hemilaminectomia
•SLOT VENTRAL
–alterações neurológicas, evidências de compressão medular na mielografia, permite entrar no canal
–promove descompressão e retirada do material
PÓS OPERATÓRIO
–Micção, defecação
–Controle de infecções secundárias, Fisioterapia, Local acolchoado, Mudar decúbito, Manter limpo e seco


LEITURAS SUGERIDAS

5 de jun. de 2007

EXAMES COMPLEMENTARES EM NEUROLOGIA

MIELOGRAFIA

É a injeção de contraste iodado não iônico no espaço subaracnóide através da cisterna cerebelomedular e vértebras lombares, para delinear a medula espinhal,
Técnica invasiva que não é inócua e o clínico deve minimizar os riscos com a experiência e atenção com detalhes .

INDICAÇÕES:

  • exame neurológico indica lesão medular mas não há alteração na radiografia simples
  • exame neurológico não condiz com achado radiográfico
  • há mais de uma lesão nas radiografias simples
  • estudo dinâmico
  • indicação precisa das compressões (tipo de procedimento)

  • Mas a principal pergunta que deve ser respondida é:
    O DIAGNÓSTICO VAI ALTERAR O TRATAMENTO OFERECIDO AO PACIENTE?

SEMPRE REALIZAR EXAME NEUROLÓGICO MINUCIOSO, para uma correta localização da lesão, determinação da severidade e prognóstico

NÃO INDICADA:

  • Risco na Anestesia geral
  • aumento da pressão intra-craniana (trauma, neoplasias, abscessos )
  • lesão medular ou piodermite no local da punção
  • Pacientes com problemas de coagulação
  • pacientes desidratados
  • Doença inflamatória do SNC
  • bacteremia ou viremia

RISCOS: Anestesia, contaminação e meningite bacteriana, hemorragia - problemas de coagulação, hérnias, lesão neurológica severa - penetração da medula

EFEITOS ADVERSOS : Convulsões , Fasciculação muscular, hipertermia, apnéia, Vômitos, Hiperestesia, rigidez cervical, Piora do quadro neurológico

TÉCNICA: trabalhe sempre em equipe, hidratação, anestesia geral , sonda endotraqueal, tricotomia, assepsia rigorosa, posição correta, material adequado

Punção na Cisterna Magna


  • VANTAGENS:introdução da agulha é mais fácil, maior quantidade de líquor, menos contaminação com sangue
  • DESVANTAGENS: lesão ao bulbo ou medula, perigoso se houver aumento da PIC, necessário manter paciente inclinado, pode não ser diagnóstica (lesão compressiva severa)
Punção lombar:

  • VANTAGENS: fluxo de contraste é melhor, é indicada nas lesões toracolombares severas ou quando há risco na punção cisternal
  • DESVANTAGENS: introdução da agulha é mais difícil, ocorrem mais artefatos, coleta de líquor é mais difícil e pode vir líquor contaminado com sangue

ATENÇÃO: MEIOS DE CONTRASTE IODADO IÔNICO
Usados para arteriografia e urografia, causam morte imediata por parada respiratória se injetados no espaço subaracnóide.


Contrastes indicados:
Iopamidol (Iopamiron 300 ®) e Iohexol (Omnipaque 240 ou 300 ®) , Ioversol 320 (Optiray®)

INTERPRETAÇÃO: Avaliar todas as projeções e posições, diagnosticar a presença ou ausência de lesões compressivas, classificar a lesão, combinar com história e sinais clínicos, entender a anatomia e aparência radiográfica do contraste em vários locais

Fatores que interferem: volume de contraste inadequado e posicionamento incorreto

CLASSIFICAÇÃO

Extradural: Estreitamento ou ausência da coluna de contraste
-Disco
-hemorragia, coágulos
-fratura/luxação
-neoplasias
-congênito,-discoespondilite
-osteomielite



Intradural/Extramedular: Contraste envolve estrutura radiolucente

-neoplasias
-hemorragia ou hematoma




Intramedular : Afastamento da linha de contraste

-edema medular por trauma
-Hemorragia/hematoma
-Neoplasia
-MEG ou outras doenças inflamatórias



LEITURAS SUGERIDAS